Praticando yoga 24 horas por dia.

Postado por Unknown sexta-feira, 27 de julho de 2012


Praticando yoga 24 horas por dia.

O prof. Marcos Rojo costumava dizer em suas aulas que yoga se pratica 24h por dia e não às terças e quintas das 7 às 8 da manhã. No começo é difícil entender o que isso realmente significa. 
Dedicar um período do seu dia para fazer uma aula de yoga ou sua prática pessoal é um exercício para despertar o yoga dentro de você e o começo pra estender essa vivência ao seu dia-a-dia. Não, não é um caminho fácil. Mas se respirar melhor e expandir seu corpo em diferentes posturas, já traz uma sensação de bem-estar, viver o yoga significa entrar em contato com aquilo que todos nós buscamos: a felicidade. 

Praticar sobre seu tapetinho é como uma metáfora da vida. As posturas mais difíceis podem se colocar como uma impossibilidade ou ter o gosto bom de um desafio. Olhar dentro de si pode trazer inquietude, medo ou aguçar a sede da descoberta. Trabalhar o corpo nos abre muito mais do que possibilidades físicas. Até porque não somos um ser dissociado. Corpo, mente, emoção, espírito: somos tudo isso junto. E o que pensamos, o que sentimos, pulsa no corpo.

Coloco-me numa postura. Permaneço nela. Sinto. Consigo alcançar as canelas.... Será que posso um pouco mais? Até quando persisto? Insisto? Desisto? Tento um pouco mais? Onde está meu limiar? Nesse diálogo interno aparentemente banal me deparo com questões existenciais mais profundas. Como me deparo frente às dificuldades? Por que quero ir além? Se o corpo dói, como aceito minhas próprias limitações? 
Cultivar o contentamento, a perseverança, o amor, a busca pelo autoconhecimento, a veracidade são alguns dos alicerces da prática. E como filosofia prática que é, o yoga nos ensina isso desde que nos colocamos sobre nossos tapetes. Como respeito meus limites? Como me aceito da forma que sou? Como me porto diante do novo, dos desafios, das dificuldades? 

Cada dia a prática se revela de uma forma. Ainda que façamos continuamente uma mesma sequência de posturas, ela será sempre diferente. Um dia parecerá tudo fácil e fluido, em outro, é possível que você sinta dificuldade em algumas posturas ou que a prática lhe pareça pesada. Um dia a respiração virá naturalmente ampla e profunda, em outros, curta e acelerada. 
Perceber, sentir, entender os padrões do corpo, interfir, permitir-se novas perspectivas e novas posturas nos possibilita um novo olhar diante da vida. 
O quanto me coloco assim presente em outras situações do meu dia? No calor de uma discussão sei dizer como está minha respiração? Como organizo meu corpo, me defendo, me imponho, me entrego? Posso intencionalmente mudar esses padrões automáticos de reagir?
E é aí que começam os grandes desafios. De repente, quando sua prática de terças e quintas parece ir super bem, seu corpo está mais flexível e você parece respirar melhor, lá fora, distante do seu tapetinho, as coisas não parecem tão bem. Dá vontade de ficar ali mais um tempo, sem o burburinho que vem de fora. Acontece que a sua prática não está dissociada das coisas a sua volta. Manter um estado de presença diante dos altos e baixo da vida e poder agir e não reagir, é fazer do yoga parte da sua vida. 

Como lidar com a dor? Como lidar com a perda, com problemas de relacionamento, com o medo, com as incertezas de um futuro próximo? Até onde posso avançar? Insisto? Desisto? Onde está meu limiar? Às vezes as perguntas são as mesmas.... Mas lidar com os desafios da vida parece infinitamente mais difícil. 
Nesses momentos turbulentos são os alicerces da prática que nos sustentam. Podemos nos sentir acolhidos num sentimento de compaixão ou alimentados de um fogo interno, que nos purifica e nos permite transpor os desafios. Nesse exercício contínuo de viver o yoga, ele vem e vai.

Nessas horas, o tapetinho é meu refúgio, mas não minha fuga. Ali, dói também o corpo. Mas a energia gerada por tantos anseios, dúvidas, mágoas e receios, se recicla, se renova, se transforma. Quase como uma prece, me entrego, respiro, espero. E as respostas vêm.

(Por Vanessa Malagó)

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